Densitometria Óssea

Curso Técnico em Radiologia

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A Densitometria Óssea (DO) é uma técnica fundamental que emprega um equipamento para a leitura da densidade mineral óssea (DMO).

Módulo 1: Introdução e Conceito de Densitometria Óssea

Relevância Clínica

A principal aplicação da DO é a detecção precoce de osteoporose, doença caracterizada pela baixa massa óssea, aumento da fragilidade óssea e consequente aumento do risco de fraturas.

Padrão Ouro

A densitometria óssea por raios-X de dupla energia (DXA) é considerada o padrão ouro para o diagnóstico de osteoporose pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1994.

Detecção de Estágios

A técnica também é capaz de identificar a osteopenia, ou baixa massa óssea, quando a DMO se encontra entre 1 a 2,5 desvios padrão abaixo do pico de massa óssea encontrada no adulto jovem.

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Módulo 2: Princípios Técnicos e Equipamento (DXA)

Base Física

A DXA utiliza radiação ionizante, baseando-se na atenuação sofrida pelos raios X ao atravessar os diferentes tecidos do corpo.

Dose de Radiação

O exame é considerado seguro e não invasivo, pois utiliza baixa quantidade de radiação. A dose é aproximadamente dez vezes menor do que a de um raio-X de tórax.

Informações Obtidas

O uso de raios X com dupla faixa de energia possibilita a determinação do Conteúdo Mineral Ósseo (CMO), que é a quantidade de mineral em gramas contida em uma projeção do osso.

Medida Areal

A DMO é obtida dividindo-se o conteúdo mineral pela área óssea do local, sendo expressa como g/cm². A densidade medida pelo DXA é areal, não volumétrica.

Tipos de Equipamento e Sítios de Análise

  • Equipamentos Centrais: Medem a densidade no quadril e na coluna.
  • Regiões Padrão para Diagnóstico em Adultos: Coluna lombar (segmento L1-L4), fêmur proximal (colo femoral e fêmur total) e o rádio 33% (antebraço). O rádio 33% é o único sítio periférico que pode ser usado para fins diagnósticos.
  • Para monitoramento: A região de interesse fêmur total deve ser preferida. O exame lateral da coluna lombar não deve ser usado para fins diagnósticos, mas pode ser útil no monitoramento.
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Módulo 3: Condução do Exame e Preparo do Paciente

Duração e Posição

O exame é rápido e indolor. Dura entre 10 a 15 minutos. O paciente permanece deitado imóvel em uma maca.

Preparo do Paciente

  • Não é necessário jejum.
  • O paciente não deve tomar nenhum medicamento à base de cálcio ou suplementos minerais nas 24 horas ou dias anteriores ao exame.
  • Se o paciente tiver feito algum exame com contraste intravenoso, estudos de bário ou estudos de medicina nuclear, deve esperar aproximadamente 5 dias ou 7 dias antes de realizar a densitometria.

Importância da Padronização Operacional

A padronização e o controle no modo de condução operacional na realização e análise do exame são fundamentais. O protocolo do exame deve ser padrão, visando aumentar o grau de certeza diagnóstica.

Limitações do Exame

O exame não consegue prever quem terá uma fratura, mas estima o risco relativo. Condições como deformidades na coluna lombar ou operações na coluna podem limitar a avaliação. O exame não deve ser realizado na presença de dor, espasmo ou contratura que impeçam o posicionamento adequado do paciente na mesa.

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Módulo 4: Controle de Qualidade e Reprodutibilidade (O Coeficiente de Variação - CV)

Monitoramento Técnico

Equipamentos descalibrados aumentam os riscos de erros de diagnóstico. O equipamento DEXA II da Hologic exige uma rotina diária de calibração (realização de scans com phantoms).

Coeficiente de Variação (CV)

A determinação do CV do equipamento é uma ação que permite determinar e quantificar a qualidade do exame. O CV% deve ser calculado individualmente e unicamente para cada equipamento. O estudo da precisão deve ser realizado in vivo. Acompanhando o %CV, é possível identificar problemas nas aplicações das técnicas de posicionamento ou análise.

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Módulo 5: Critérios de Interpretação e Laudo

Critérios Densitométricos da OMS (baseados no T-score)

Os critérios da OMS definem o diagnóstico para mulheres pós-menopausadas e homens com idade superior a 50 anos, utilizando o T-escore:

Condição T-escore (Desvio-Padrão) Definição
Normal Maior que –1,0 DP
Osteopenia Entre –1,0 DP e –2,5 DP Baixa massa óssea
Osteoporose Menor ou igual a –2,5 DP
Osteoporose Grave T-escore ≤ -2,5 DP Acompanhada de pelo menos uma fratura por fragilidade óssea

Formatos para Laudo: O T-escore deve ser relatado com 1 casa decimal (exemplo: -2.3). A DMO deve ter 3 casas decimais (exemplo: 0,927 g/cm²).

Interpretação em Crianças e Adolescentes (Idade Inferior a 20 Anos)

  • Uso do Z-escore: T-escores não devem ser utilizados e não devem aparecer nos relatórios para indivíduos com idade inferior a 20 anos; deve-se utilizar sempre o Z-escore. O Z-escore deve ser relatado com 1 casa decimal (exemplo: 1.7).
  • DMO Baixa: Z-escore igual ou inferior a −2,0 DP é definido como "abaixo da faixa esperada para a idade". O termo osteopenia não deve ser usado nesta população.
  • Diagnóstico de Osteoporose em Crianças: O diagnóstico não pode ser feito unicamente pelo critério densitométrico; requer o antecedente de uma fratura de osso longo de membro inferior, compressão vertebral ou duas ou mais fraturas de extremidades superiores, associado à DMO baixa (Z-escore < −2 DP).

A Ferramenta FRAX

O FRAX (Fracture Risk Assessment Tool) é um algoritmo que calcula a probabilidade de fratura (quadril ou osteoporótica maior) em 10 anos. Ele utiliza fatores clínicos de risco (como idade, sexo, uso de glicocorticoides e história familiar) e a DMO do colo femoral (opcional). O FRAX auxilia na identificação dos pacientes com probabilidade de fratura acima do limiar de intervenção.

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Módulo 6: O Papel do Técnico e a Telerradiologia

O Laudo e o Especialista

O laudo deve ser elaborado por médicos radiologistas.

Tecnologia e Imagem Digital

O equipamento digital gera imagens no formato DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine).

Telerradiologia e Laudo a Distância

A telerradiologia torna a densitometria viável mesmo em locais remotos, pois permite que o radiologista interprete as imagens e registre as conclusões no laudo, assinado digitalmente (certificado pela SBIS). Empresas podem oferecer treinamento a distância para boas práticas na condução do exame.

Bibliografia

A lista a seguir reúne os materiais utilizados para a compilação deste conteúdo didático:

  1. Gonçalves, P. M. AVALIAÇÃO DA REPRODUTIBILIDADE DOS DADOS DE UM EQUIPAMENTO DE DENSITOMETRIA ÓSSA ATRAVÉS DO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) E SUA CONTRIBUIÇÃO NA QUALIDADE E SEGURANÇA. Instituto Pró Universidade Canoense (IPUC), Rio Grande do Sul, RS - Brasil.
  2. Sampaio Netto, Osvaldo et al. Análise da nova classificação de laudos de densitometria óssea. Radiol Bras 2007;40(1):23–25.
  3. Descubra quanto custa o exame de densitometria óssea - Eigier Diagnósticos. (Artigo de blog/web).
  4. Laudo de densitometria óssea: interpretação e resultados - Telemedicina Morsch. (Artigo de blog/web).
  5. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CONITEC. Relatório de Recomendação - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Osteoporose. Setembro/2022.
  6. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CONITEC. MATERIAL SUPLEMENTAR 2 - DENOSUMABE E TERIPARATIDA PARA O TRATAMENTO INDIVÍDUOS COM OSTEOPOROSE GRAVE E FALHA TERAPÊUTICA AOS MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Brasília, 2022.
  7. Lazaretti-Castro M. Por que medir densidade mineral óssea em crianças e adolescentes? J Pediatr (Rio J). 2004;80: 439-40.
  8. Brandão, Cynthia M. A. et al. Posições oficiais 2008 da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica (SBDens). Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(1):107-112.
  9. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. Portaria Nº 451, de 9 de junho de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose.
  10. Quais as limitações da densitometria óssea? - Ultracor. (Artigo de blog/web).
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